Sônia Guajajara informou ao g1que mesmo o senador presidindo a Comissão criada para acompanhar a crise Yanomami não garante o direito de descumprir os protocolos estabelecidos para entrada em Terra indígena. Ministra Sônia Guajajara criticou senador por ele ter ido ao território Yanoamami
Jornal Nacional/Reprodução/Arquivo
A ministra dos Povos Indígenas, Sônia Guajajara informou ao g1 que o senador Chico Rodrigues não comunicou previamente a Fundação Nacional dos Povos Indígenas (Funai) ou os indígenas sobre a ida à Terra Yanomami. O parlamentar preside a Comissão do Senado criada para acompanhar a crise Yanomami e desembarcou no território na segunda-feira (20) de carnaval, sem os demais integrantes do grupo.
Na avaliação de Guajajara, mesmo sendo presidente da Comissão, o senador deveria seguir os protocolos estabelecidos. Chico foi à região em um helicóptero da Força Aérea Brasileira (FAB), desceu no pelotão do Exército e, acompanhado de um general, visitou o posto de Surucucu, onde indígenas doentes são atendidos.
“Foi por conta própria e deve responder por isso. O fato de presidir uma comissão não lhe dá o direito de descumprir os protocolos estabelecidos para entrada em Terra indígena. Ele não comunicou o MPI, Funai e tampouco a comunidade”, disse a ministra à reportagem.
Guajajara também criticou o fato de o senador ter ido ao território em uma aeronave que poderia estar prestando apoio aos indígenas que sofrem com a grave crise humanitária causada por garimpeiros ilegais.
“As aeronaves da FAB já são insuficientes para garantir o apoio emergencial para transportes de alimentos e de pacientes, portanto, não pode ser utilizada para viagens de senador que age no sentido contrário do atendimento às demandas dos indígenas”, frisou.
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Para a vice-presidente da Comissão, senadora Eliziane Gama (PSD-MA), a ida de Chico não tem legitimidade. Isso porque, segundo ela, o senador não teve o aval dos demais membros do grupo de trabalho e não apresentou nenhum plano de atividades prévias.
Chico Rodrigues foi ao território mesmo após instituições indígenas se posicionarem contrárias à participação dele e de demais parlamentares de Roraima nos trabalhos da comissão.
Senador Chico Rodrigues no polo de saúde em Surucucu, na Terra Indígena Yanomami
Júnior Hekurari Yanomami/Divulgação
Eliziane disse que vai cobrar informações sobre como se deu essa ida à região. “Ele é presidente da Comissão, mas ele é presidente de uma comissão, um colegiado. Essa comissão ela é integrada por vários senadores, onde qualquer decisão ou ação tomada pelo presidente tem que ser deliberada internamente, o que não ocorreu”, disse, em entrevista à GloboNews.
O Ministério Público Federal em Roraima também pediu explicações do senador Chico Rodrigues (PSB) sobre a visita. O pedido “visa identificar os objetivos e atividades da referida Comissão Temporária Externa na Terra Indígena Yanomami, na perspectiva da defesa dos povos que habitam a TI Yanomami.” Ele tem 10 dias, a contar do dia 20, para responder.
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