Com reações alérgicas no couro cabeludo e lesões nos olhos, estudante de 17 anos precisou ser atendida no HC-UE de Ribeirão Preto. Produto usado por ela tem liberação no país, mas caso é investigado pela Anvisa. Adolescente precisou raspar a cabeça após usar pomada modeladora em Santa Rosa de Viterbo, SP
Reprodução/EPTV
Uso diário de shampoo neutro e vinagre, para reequilibrar o pH do couro cabeludo, dois tipos de colírios para irritação nos olhos e um trauma difícil de superar. Há uma semana, essa tem sido a rotina de uma estudante de administração de 17 anos que teve reações alérgicas depois de usar uma pomada capilar modeladora em Santa Rosa de Viterbo (SP).
A jovem, que chegou a ser atendida na unidade de emergência do Hospital das Clínicas de Ribeirão Preto (SP), recebeu alta e se recupera em casa, mas teve que raspar o cabelo e ainda sente dificuldades de enxergar depois da aplicação.
Da queimação nos olhos à sensação de tontura, ela ainda se lembra do que aconteceu com ela depois que passou o produto no cabelo, para fazer tranças.
“Quando eu fui tomar banho, fui chacoalhar meu cabelo e caiu tudo no meu olho. Comecei a sentir que meu olho estava queimando. Minha mãe perguntou o que tinha acontecido e eu disse: ‘não, mãe. Isso daí não é nada demais não’. Cheguei na escola e minha vista chegou a ficar mais embaçada. Fiquei com uma tontura. A professora chegou perto de mim e desmaiei. Aí nisso, eu acordei praticamente no hospital”, conta.
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Adolescente tem reações alérgicas e lesões nos olhos após usar pomada capilar
A família da estudante registrou um boletim de ocorrência na Polícia Civil.
A Agência Nacional de Vigilância Sanitária (Anvisa), que também apura o caso, informou que a pomada, a Evolution 2.0 Profissional Ação Prolongada, da Yelsew Cosméticos, está na lista de produtos autorizados pelo órgão, mas não com o CNPJ e inscrição informados na embalagem da pomada que a jovem usou.
A Yelsew lamentou o ocorrido e comunicou que já entrou em contato com a família para auxiliar nas informações necessárias. A empresa também informou que o produto passou por todos os testes obrigatórios de segurança e que nunca registrou casos de reação, mas que vai investigar o ocorrido.
Em fevereiro, diante de relatos de eventos adversos graves notificados, como irritação nos olhos e até cegueira temporária, em diferentes regiões, a Anvisa proibiu, por precaução, a venda de todas as pomadas para trançar, modelar ou fixar cabelos. Posteriormente, em 20 de março, a agência divulgou uma lista de 934 pomadas capilares autorizadas a voltar ao mercado.
Pomada capilar usada por adolescente em Santa Rosa de Viterbo, SP
Reprodução/EPTV
‘Minha vista começou a apagar’
A adolescente adquiriu a pomada modeladora na última semana com o objetivo de fazer tranças no cabelo. Segundo ela, as reações adversas começaram de fato no dia seguinte à aplicação.
“Falaram que meu olho tinha saído. Tinha saído um pouco de tão estufado que estava. Estava todo inchado e vermelho. Minha vista começou a apagar totalmente e nisso achei que não fosse mais enxergar”, diz.
Atendida em um pronto-socorro de sua cidade, e depois transferida para o HC-UE, de Ribeirão Preto, a jovem foi submetida a uma biomicroscopia, um tipo de exame nos olhos, que revelou lesões nas córneas.
Ela afirma que, mesmo depois do susto, ainda continua sem enxergar direito com um dos olhos, ainda tem episódios de vômito e sente dores na garganta.
O couro cabeludo, irritado, demandou a raspagem de todo o cabelo. “No momento eu pensei se cortava ou se não cortava. Foi o melhor pra mim, senão iria piorar”, diz.
Além do transtorno físico, a adolescente conta que a situação deixou um abalo psicológico.
“Às vezes penso que tenho até um cabelo em mim. Acordo com aquela reação. É difícil. É difícil porque tenho que estudar, então fica difícil pra mim, né? As pessoas começam a me olhar, ficam me julgando. Por isso estou com trauma.”
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