Amigo e parente falam sobre como a psicóloga continuava realizando os sonhos que a motivaram a sair há 18 anos do Sertão sergipano. Corpo de Fabiane foi sepultado nesta quinta-feira. Fabiana de Freitas Sá em consultório particular
Arquivo pessoal
Aos 41 anos, a sergipana Fabiane Freitas de Sá, que morreu soterrada durante o temporal na cidade de São Sebastião, no Litoral Norte de São Paulo, continuava realizando os sonhos que a motivaram a sair, há 18 anos, de Nossa Senhora da Glória, no Sertão de Sergipe. Ela foi sepultada na manhã desta quinta-feira (23), no município.
Segundo a família, Fabiane se formou em psicologia há seis anos, montou consultório particular e atuava na prefeitura de São Sebastião como coordenadora do Programa Criança Feliz; há dois estava morando na casa que queria; e tinha uma viagem marcada para Portugal.
“Fabiane era uma menina espetacular. Saiu daqui como muitas pessoas, venceu honestamente, trabalhando, foi minha chefe, sabia conversar com todos. Fabiane representa muitos nordestinos que saem daqui pra vencer lá em São Paulo”, disse o advogado Arthur Figueiredo que virou amigo da vítima após trabalhar com ela na cidade paulista.
Sergipana durante formatura em psicologia em SP
Arquivo pessoal
Segundo Arthur, a família tem encontrado na união uma forma de superar a dor da perda de Fabiane. “É uma família exemplar, muito unida, os irmãos, os primos, os tios, os pais, são uma fortaleza. Claro que o coração está dilacerado, mas estão conseguindo superar porque tem que superar. E estão aí nos dando força nessa situação”.
Fabiane é uma das 40 netas de uma avó de 86 anos, que teve 14 filhos e nunca perdeu nenhum deles, como informou o esposo da prima de Fabiane, Saulo Chagas.
“Ela foi a primeira da família a nos deixar. A avó dela está aqui, é a primeira neta que ela enterra, nunca perdeu nenhum filho. Perdeu agora pela primeira vez, de forma trágica. Perdeu agora a ‘Fadinha’, como eles falavam”, contou.
Fabiane Freitas de Sá com a família
Arquivo pessoal
O resgate
A sergipana morava em uma casa alugada, localizada na Estrada da Maquinha, bairro Boiçucanga, Costa Sul do município, que desabou com as fortes chuvas que caíram sobre a região.
De acordo com o amigo Arthur, há anos Fabiane admirava o local, e há dois, conseguiu aluga-la. “Era uma casa muito bonita, e Fabiane era bem caprichosa com ela”, disse o amigo Arthur.
Ruas de São Sebastião foram tomadas pela lama e destroços
Fábio Tito/g1
O quarto onde ela foi encontrada foi a parte mais atingida pelos escombros. O dono da residência foi quem a resgatou, já sem vida, no início da manhã do domingo (19). A identificação dela foi confirmada no mesmo dia pela Prefeitura de São Sebastião.
“Não tinha internet e sinais de telefone, o irmão [que mora a cerca de cinco quilômetros] não recebeu nenhum aviso, aí foi ver como tava a irmã, já que não conseguia manter contato. Os vizinhos avisaram que o dono a resgatou”, informou Saulo.
Apesar de ter sido o primeiro da família a chegar ao local, o irmão não conseguiu chegar a Sergipe para velar a irmã. “Ele não conseguiu sair do Litoral, as estradas estão bem complicadas e ele não quis arriscar”, explicou.
O corpo de Fabiane chegou a Aracaju no fim da manhã desta quarta (22), e seguiu para o Povoado Santa Rita, em Nossa Senhora da Glória, cidade do sertão sergipano em que Fabiane foi criada, para ser velado na chácara do pai. O sepultamento ocorreu no cemitério municipal no início da manhã desta quinta, após cortejo realizado pelo povoado.
Sepultamento de Fabiane de Sá em Nossa Senhora da Glória
Carla Suzanne/TV Sergipe
‘Representa muitos nordestinos que saem daqui pra vencer lá em São Paulo’, diz amigo de sergipana vítima de temporal no Litoral paulista

0 comments on “‘Representa muitos nordestinos que saem daqui pra vencer lá em São Paulo’, diz amigo de sergipana vítima de temporal no Litoral paulista”