Secretário de Saúde de Campinas admite necessidade de hospital para grávidas e bebês, e diz que governo de SP ‘largou’ a região

secretario-de-saude-de-campinas-admite-necessidade-de-hospital-para-gravidas-e-bebes,-e-diz-que-governo-de-sp-‘largou’-a-regiao



Em reunião na Câmara Municipal, Lair Zambon cobrou mais recursos estaduais para a região de Campinas e afirmou que não é ideal a atual ‘dependência’ da cidade em relação à Maternidade. Secretário de Saúde de Campinas, Lair Zambon, durante reunião na Câmara de Campinas
Reprodução/YouTube/TV Câmara
O secretário de Saúde de Campinas (SP), Lair Zambon, participou nesta terça-feira (14) de uma reunião na Câmara Municipal sobre situação do atendimento neonatal na cidade e cobrou do governo estadual mais investimento nas cidades da região. O titular da pasta defendeu que o município precisa de mais unidades para gestantes e recém-nascidos a fim de reduzir a “dependência” que tem do Hospital Maternidade, que não é público, mas atende Sistema Público de Saúde (SUS).
Apesar da afirmação, Zambon também defendeu que o número de leitos disponível atualmente em Campinas é suficiente, tendo em vista a portaria do Ministério da Saúde de que é preciso ter, no mínimo, dois leitos para cada 1 mil nascidos vivos.
“Nosso problema hoje é o enfrentamento, a parceria do estado. Ele [governo de São Paulo] terá que fazer uma participação maior na região. Eu tenho a impressão que ele largou um pouco dessa região, está na hora de assumir as atividades que lhe convém”.
A reunião da Comissão Permanente de Política Social e Saúde da Câmara foi convocada em meio à crise no Hospital Maternidade de Campinas, fato que jogou luz sobre as políticas públicas de atendimento neonatal.
Os números apresentados por Zambon mostram que, antes, o Sistema Único de Saúde (SUS) possuía 23 leitos neonatal na Maternidade e outros 12 no Hospital PUC-Campinas.
No entanto, a Secretaria de Saúde de Campinas chegou a interditar, em 24 de fevereiro, 20 leitos na Maternidade, e10 já foram liberados.
Com isso, a saúde pública de Campinas conta com 18 leitos na Maternidade e 12 na PUC-Campinas. Para ampliar a oferta, Zambon falou que vai pedir mais quatro leitos na PUC-Campinas. Em 2022, pelo SUS Campinas, ocorreram 7.458 partos em que as crianças sobreviveram.
Outra cobrança de Zambon foi em relação ao projeto de construir um Hospital Metropolitano bancado pelo estado. Segundo ele, há demanda pela nova unidade, já que a última vez que o governo estadual aportou recursos para construção na região foi em 2000, em Sumaré.
“Eu sou muito claro, já falei isso no próprio estado, que era para estar entregando muito mais do seu potencial, do seu tamanho. Então, acho que está na hora do estado investir um pouco na região. Lembrar que Campinas pertence ao estado de São Paulo e está na hora de assumir esse papel”.
Novo hospital para reduzir dependência
Ao abordar a crise recente da Maternidade, Lair Zambon defendeu a reputação da instituição ao apontar que o hospital tem taxa de mortalidade baixa se comparada a outras maternidades do país.
Além disso, afirmou que, com os 40 leitos de UTI neonatal, é ‘teoricamente’ o maior hospital maternidade no interior. “Preservar o nome da Maternidade e a importância que ela tem para a cidade é fundamental”.
No entanto, ele vê a necessidade de Campinas ter mais aparelhos de saúde para mulheres gestantes e bebês. Segundo Zambon, o prefeito Dário Saadi (Republicanos) pensa em alternativas a médio e longo prazo para reduzir a dependência da Maternidade.
“Eu não vejo como ideal essa dependência que a cidade tem da Maternidade. (…) Acho que está na hora de a gente se mexer em relação a algum tipo de movimento, uma maternidade estadual, ou divisão de gestão município/estado. Está mais que na hora”.
LEIA TAMBÉM
Campinas aguarda novo plano da Maternidade para reabrir 10 leitos de UTI neonatal
Hospitais que recebem pacientes da Maternidade têm UTIs lotadas
Por que dívidas e falta de profissionais afetam hospital com mais nascimentos em Campinas
Área da Maternidade de Campinas
Jonatan Morel / EPTV
A Maternidade de Campinas informou ao g1 que, em princípio, ficam interditados os outros 10 leitos porque tem que seguir a RDC7 e ainda não possui profissionais médicos pediatras neonatologistas para garantir o funcionamento de 40 leitos.
A dificuldade de encontrar profissionais para contratação vem sendo relatada desde que os leitos foram interditados pela Secretaria de Saúde.
Custeio da saúde
Também presente na reunião, a diretora do Departamento de Gestão e Desenvolvimento Organizacional (DGDO) da Secretaria de Saúde de Campinas, Érika Guimarães, afirmou que 72% do investimento público em saúde na cidade é feito pelos cofres municipais.
“Isso se dá porque o recurso de fonte federal, que seria o principal financiador da média e alta complexidade, especialmente da alta complexidade, está estagnado há muitas décadas”.
Guimarães afirma que, há cerca de 20 anos, a realidade era inversa, com 70% dos recursos repassados ao governo federal.
“Quando a gente fala com o Ministério [da Saúde], eles trazem que investem em políticas de incentivo que o município pode se habilitar. Mas nessas políticas, o valor é muito aquém de tudo que eles exigem que a gente dê de devolutiva, fazendo com que o município tenha que injetar mais recurso para receber trocado”.
O g1 procurou o governo estadual e a reportagem será atualizada se houver retorno.
A reportagem também entrou em contato, às 17h13, com o Ministério da Saúde, que informou que vai apurar as informações.
VÍDEOS: destaques da região de Campinas
Veja mais notícias da região no g1 Campinas

Vittorio Rienzo

0 comments on “Secretário de Saúde de Campinas admite necessidade de hospital para grávidas e bebês, e diz que governo de SP ‘largou’ a região

Leave a Reply

%d blogger hanno fatto clic su Mi Piace per questo: