Tragédia em SP: ministro Waldez diz que só alertas por redes sociais e SMS não resolvem

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    Reportagem do g1 revelou que governo de SP e a prefeitura de São Sebastião foram alertadas dois dias antes da tragédia que matou 49 pessoas; moradores dizem não terem recebido aviso. Imagem mostra como era região próxima à Rua Ricardo Queiroz, na Vila do Sahy, depois das fortes chuvas que atingiram a região.
    Reprodução/ Divulgação Corpo de Bombeiros
    O ministro da Integração e do Desenvolvimento Regional, Waldez Góes, disse que o alerta por rede social, imprensa e SMS não é o suficiente para avisar as pessoas sobre desastres naturais como o que devastou o Litoral Norte de SP.
    “Só o esforço da Defesa Civil de dar alertas e o meios de comunicação, a gente percebe que não resolve. Uma das coisas que vamos intensificar com os governos estaduais, presidente Lula me pediu isso, discutir com municípios, essas áreas de risco, precisamos hierarquizar essas áreas e começar junto com os municípios instituir, estruturar esses sistemas de alertas local”, diz.
    Na quarta-feira, o g1 revelou que o Centro de Monitoramento de Desastres (Cemaden) avisou o governo de SP e a prefeitura de São Sebastião dois dias antes da tragédia que matou 49 pessoas. O risco emitido pelo Cemaden era classificado como “muito alto”, o que significa a iminência de um desastre.
    Veja cronologia de alertas antes da tragédia
    Em nota, a Defesa Civil Estadual disse que o risco foi divulgado na imprensa e redes sociais e por mensagens de SMS no celular das pessoas cadastradas em seu sistema em todo o Litoral Norte. As mensagens, porém, não dão dimensão do risco.
    De acordo com o governo estadual, no Litoral Norte foram disparadas 34 mil mensagens para pessoas cadastradas na plataforma estadual. O número, no entanto, representa pouco mais de 10% da população, que é de 288 mil pessoas.
    Moradores da Vila Sahy relatam que não receberam alerta de risco de deslizamento
    Moradores da cidade e da área mais atingidas, no sul de São Sebastião, disseram não terem recebido o alerta e que não houve nenhum pedido para que deixassem as casas apesar do risco de deslizamento.
    O g1 apurou que a primeira vez que a Defesa Civil tentou fazer a comunicação direta aos moradores, o local já tinha sido alvo de deslizamento. A reportagem questionou, na ocasição, o governo estadual sobre as medidas terem sido o suficiente ou se deveriam, por exemplo, terem feito a evacuação da área, mas não teve retorno.
    Por sua vez, a Defesa Civil da cidade de São Sebastião não fez qualquer comunicado antes da tragédia, mesmo que o governo de São Paulo tenha afirmado que sabiam do risco. As chuvas que mataram dezenas de pessoas aconteceram em meio ao Carnaval, quando a cidade recebia 500 mil turistas.
    Segundo o g1 apurou, a decisão de não divulgar o comunicado seria pelo risco de afastar o turista da cidade no carnaval.
    O g1 procurou a Prefeitura de São Sebastião para esclarecer o motivo de não ter emitido alerta ou mobilizado os moradores e evacuado a área antes do deslizamento, mas não obteve resposta até a última atualização desta reportagem.
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    Resgate
    Nesta quinta-feira (23), subiu para 49 o número de mortos vítimas do temporal que devastou o Litoral Norte de São Paulo. O balanço é da Defesa Civil Estadual, que aponta que foram encontrados os corpos de 48 vítimas em São Sebastião e uma em Ubatuba.
    As buscas entraram em seu quinto dia. Bombeiros, agentes da Defesa Civil e voluntários seguem com as buscas de forma ininterrupta, ao longo da madrugada. A ação é reduzida ao longo da noite e pela manhã, a equipe é reforçada.
    Cinco dias após a tragédia, há ainda dezenas de desaparecidos. Na última divulgação do governo estadual, 38 pessoas estavam desaparecidas.
    Os trabalhos de buscas acontecem especialmente em bairros da costa sul da cidade de São Sebastião, como a Vila Sahy, área que concentra a maioria das vítimas da tragédia, e Juquehy.
    As buscas são feitas por bombeiros, agentes da Defesa Civil e os próprios moradores. A operação envolve mais de 600 pessoas.
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    Vítimas
    Segundo o último balanço divulgado pela Defesa Civil do estado de SP registra, o temporal deixou 48 pessoas mortas. Do número, 47 mortes são em São Sebastião, cidade mais atingida da região, e uma em Ubatuba.
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    Entre as vítimas, há crianças. Em Ubatuba, uma menina de 7 anos que morreu soterrada após a sua casa ser destruída por uma pedra de duas toneladas durante o temporal. Em São Sebastião, um bebê de nove meses morreu após uma árvore atingir a casa em que vivia na Vila Sahy, área mais atingida pelo temporal do fim de semana.
    A mãe ficou ilhada e foi resgatada na segunda-feira. Uma outra filha dela, de 9 anos, está internada no Hospital Regional de Caraguatatuba.
    Entre as vítimas, há também turistas, como Lívia da Silva Santos. Ela era de Vera Cruz (BA) e morava há cerca de 14 anos na capital paulista, mas passava o final de semana no litoral na casa do namorado Ednaldo. Ele e sua filha, Sophia Silva, também morreram.
    Onde foi a tragédia no Litoral Norte de SP
    Gabriel Wesley/Arte g1
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    Vittorio Ferla

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