Mariete Silva estava na praia de Boiçucanga, em São Sebastião, e filmou a água que invadiu o imóvel onde estava. Nesta terça, grupo começou a volta para casa após lilberação de trecho da Rio-Santos. Turista de Hortolândia registrou estragos em Boiçucanga após temporal recorde em SP
Uma turista de Hortolândia (SP) que foi passar o feriado de carnaval na praia de Boiçucanga, em São Sebastião (SP), registrou em vídeo e fotos estragos provocados pelo maior temporal da história do Brasil e que devastou o litoral Norte de São Paulo.
Hospedada na casa de amigos, ela contou ao g1 que esteve com o grupo “ilhado” até a liberação do trecho da Rio-Santos no sentido Caraguatatuba (SP), o que permitiu o retorno para casa nesta terça-feira (21).
Falando ao g1 por telefone, enquanto se aproximavam da base da serra, a analista de negócios Mariete Paula dos Santos Silva, de 33 anos, contou que o cenário pela rodovia “era de guerra”.
“Dá medo. Você vê algumas rochas e teme que podem cair”, conta.
“Fomos dar uma volta hoje e vimos que a estrada tinha sido liberada. Uma fila de carros. Nos arrumamos e resolvemos voltar”, destacou Mariete, que filmou um dos trechos da Rio-Santos que está operando em sistema “pare e siga”.
TRAGÉDIA NO LITORAL DE SP
Maior temporal da história deixou 48 mortos (47 em São Sebastião e um em Ubatuba);
Saiba quem são as vítimas;
Foi decretado estado de calamidade em 6 cidades e luto oficial de 3 dias. Trechos da Rio-Santos podem não existir mais, disse governador de SP;
Equipes seguem as buscas em São Sebastião; ao menos 40 pessoas estão desaparecidas.
A analista detalhou que estava na casa na companhia de amigos de Campinas (SP) e Extrema (MG) – todos retornaram nesta terça, em comboio. O grupo chegou na praia na sexta-feira (17) à noite, e chegou a aproveitar o sábado (18) antes do temporal.
“No sábado ainda curtimos um pouco a praia, o mar estava bem agitado. A chuva começou por volta de umas 20h, só foi parar no outro dia de manhã. Fomos dormir, mas foi só uma horinha. Começou a subir muito rápido. A gente levantou e começou a erguer tudo o que dava para erguer, colocar crianças e cachorro pro alto”, lembra.
Rua da casa onde grupo de amigos de Hortolândia e Campinas (SP) estava na praia de Boiçucanga, litoral Norte de SP: coberta de lama
Mariete Paula dos Santos Silva
Segundo Mariete, diante do cenário, o estrago onde estavam “foi mínimo”. Conseguiram salvar os eletrodomésticos, mas móveis, como guarda-roupa e cama, acabaram molhando. Depois que a água baixou, ainda conseguiram lavar a casa antes que houvesse a interrupção do abastecimento na região.
“Sorte que a casa tinha caixa d’água, conseguimos ficar até hoje. Está até agora sem água. A dona da casa está bem abalada, não tanto pelos estragos da casa dela, mas pelo entorno, que está bem destruído”, comentou Mariete.
Onde foi a tragédia no Litoral Norte de SP
Gabriel Wesley/Arte g1
Defesa Civil de Campinas
A Defesa Civil de Campinas (SP) localizou 66 moradores da metrópole que estão em cidades do litoral Norte de São Paulo e estavam incomunicáveis por conta do temporal que atingiu a região e provocou a morte de 48 pessoas. A maioria estava em Maresias, em São Sebastião (SP).
Ao todo, 28 chamadas foram recebidas pela Defesa Civil de Campinas em busca de contato por parentes no litoral norte de São Paulo. Em uma mesma chamada pode ser feita a solicitação por mais de uma pessoa. Os dados foram atualizados nesta terça-feira (21), às 12h.
À medida que o sinal de celular e a energia vão sendo restabelecidos no litoral, as pessoas que estão em Campinas retomam contato e conseguem notícias de seus familiares.
A Defesa Civil de Campinas continua recebendo solicitações de auxílio para contatos com parentes no litoral pelo telefone 199.
Contato com a mãe
A pedagoga de Campinas (SP) Ruth Mara Moreira estava desde a noite de sábado (18) sem notícias de Geovanna, que está em Maresias e ficou sem sinal telefônico e de internet. O primeiro contato foi na manhã desta terça (21).
As duas trocaram áudios e não demorou muito até ela conseguir fazer uma chamada de vídeo para ver a jovem e ter certeza de como ela está. A filha foi para São Sebastião em dezembro do ano passado para passar férias e aproveitar para trabalhar na alta temporada.
“Um desespero que não desejo pra ninguém. Eu já não sabia mais o que fazer, pra onde apelar, era só entregando na mão de Deus. Toda notícia que alguém conseguia de lá, já me passava, e foi assim que eu fui levando. Ela está bem, graças a Deus. Lá em Maresias está tudo bem, somente a enchente mesmo. Começou a voltar o sinal de internet ontem à noite. Estão todos bem, estão trabalhando normal. A cidade está cheia de turistas”, disse a mãe.
Giovanna está em Maresias desde o fim de 2022: mãe em Campinas (SP) espera por notícias há 50 horas
Reprodução/EPTV
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